Olá amigos,
não vai ser fácil falar deste assunto. Cada brasileiro que é apaixonado pelo
futebol e que tem o orgulho de fazer parte deste país que sempre encheu os
olhos do mundo pelo brilho, pela beleza de fazer de uma partida de futebol uma
obra prima ou de um drible uma poesia. Não é fácil falar de como me sentir depois
daquele dia 8 de julho de 2014 o dia em que perdemos dentro de casa em pleno
Mineirão a semifinal da nossa copa, da copa no Brasil. Um placar humilhante que
fez os nossos olhos encherem de lágrimas, derramando uma vergonha que jamais
esquecerei. Uma vergonha de ver nossa camisa amarela que tanto nos trouxe
alegria desaparecer em uma tarde onde quem as vestiu não percebeu o valor que
carregava... O que aconteceu naquela tarde? Um apagão? Não, com toda certeza
não foi um apagão, posso dizer que foi uma seleção incapaz de sobressair de uma
situação adversa... Uma seleção emotivamente despreparada, que no primeiro
golpe se abateu e entrou em pânico ao ponto de abrir mão de continuar lutando. Há
muito tempo não se via uma seleção tão dependente emocionalmente de estar em
uma situação favorável, para está bem dentro do jogo, uma seleção dependente de
um único jogador que nunca tinha ido a uma copa do mundo.
Deixamos
jogadores experientes, que poderiam passar tranqüilidade aquela equipe tão
menina... Porque não levaram o Kaká? Ou o Robinho, Luiz Fabiano, Miranda. Se levaram
o Julio Cesar não há explicação em não levá-los...
Claro não os
levaram, pois o grupo é fechado para família Scolari e neste ônibus não entra
mais ninguém... Bobeira Luiz Felipe, esta não é a sua família, é nossa seleção,
não e um ônibus é uma nação, e entra quem pode nos conduzir a vitória... Nos
iludimos em uma copa das confederações onde achamos que tínhamos conquistado o
mundo... Nada, conquistamos apenas um mini torneio onde ganhamos da Espanha, a
Itália, Uruguai que saíram da copa, foram para casa sem nem de longe mostrar o
seu verdadeiro futebol, conquistamos um certo exerço de confiança para poder
dizer que éramos favoritos... Nem de longe seriamos favoritos, futebol e jogado
dentro de campo e foi justamente dentro dele que mostramos ao mundo através de
uma humilhação que éramos fracos.
Quando
perdemos a copa de 2010, disseram que precisávamos fazer uma renovação, diziam
os especialistas: “precisamos colocar a nossa camisa nas mãos de meninos e
confiar neles sozinhos a conquista do hexa”. Não entendemos que de fato
precisávamos renovar, mas não só em matéria humana, mas uma reformulação da
maneira de jogar, de olhar o futebol mundial, de nos colocar em nosso lugar, um
país sem craque, que não dar mais show, que não enche de brilho os olhos do mundo
com aquele futebol arte.
Que não somos
mais o país do futebol, que somos um país de um campeonato nacional falido onde
os clubes não conseguem mais cumprir com seu papel de empregador e pagar
salários aos seus elencos. De um campeonato onde se nivela por baixo que uma
federação não se preocupa em segurar nossos jogadores.
Precisamos nos implodir para nos reconstruímos
do zero, precisamos refletir em que lugar o Brasil está no futebol mundial e o
que precisamos fazer para estarmos no topo. Temos meus amigos que fazer um
projeto onde possa se resgatar nosso verdadeiro futebol, nossa cara...
Não adianta
perguntar onde estão nossos craques. Eles estão no mesmo lugar de pés descalços
correndo atrás da bola velha, mas a nossa bola, eles estão a maioria onde
sempre esteve, nos corredores dos guetos, periferias e campinhos de terra. Cadê
as peneiras, não se fazem mais? Onde estão nossos craques? Posso dizer que não
estão dentro dos clubes com os filhos de sócios ou de jogadores, a chance de
sair um craque deste pequeno grupo é mínima. O futebol começa da base, de
jogadores que ficam em nosso país por mais tempo, que brilham por seus clubes
sem pensar apenas em milhares de dólares. Jogadores que se apaixonam pelo clube
antes de mostrar seu talento ao mundo. Estes meninos saem cada vez mais sedo do
Brasil para aprenderem a ser deles a jogar o futebol deles e não jogadores com
nossa cara, com nosso brilho, com nossa arte...
Nada contra o Hulk, mas quando
vimos um jogador com este estilo em nosso grupo? Forte sem habilidade e
limitado a uma pequena parte do campo, Quando fomos para uma copa sem um centro
– avante que não é decisivo, ou um meia que cai pelas ponta que não cria, que
não faz um lançamento em profundidade. O Paulo Henrique Ganso não serve! Mas se
olhamos bem é o único que tem o refinado passe brasileiro que pode colocar a
qualquer momento um na cara do gol... Quando deixamos de ser o Brasil para ser
qualquer outra seleção que não é a nossa. Quando deixamos de tocar a bola e
jogar bonito para usarmos a força como se fosse orgulho jogar assim... Força e
vontade são diferentes... Tivemos um excesso de força e uma vontade que inexplicavelmente
caiu diante da semifinal vergonhosamente. Quando deixamos de olhar para nossos
clubes nacionais para achar que os que jogam na Europa são melhores do que os
do Brasil. Quando vamos ser o que precisamos, a seleção canarinho, seleção
arte, sem hulks ou Bàtimas, sem estes super heróis com cara européia e voltar a
ser aquela seleção que os heróis são muitos craques com nomes típicos do
Brasil... Bebeto, Romário, Tustão, Pelé, Garrincha, Ronaldo, Rivaldo, Tafarel,
Cafú.
Como eu me sentir no dia inesquecível
dos 7 a 1? Me sentir envergonhado de ver a camisa amarela ser tão mal
representada por jogadores tão fracos emotivamente e que precisaram mesmo
daquela lição elegante e cordial que a seleção alemã nos deu, uma cordialidade
que aumentou a minha vergonha de ouvir o outro time pedir desculpas por ganhar
de tantos gols de nossa seleção. Obrigado senhores alemães por ser tão gentil
mas não precisam pedir desculpas o jogo foi fácil mesmo e até o meu time de
pelada faria pelo menos 3 no primeiro tempo... Jogaram contra um time amador.
Precisam refletir mesmo sobre a
maneira que representaram o nosso país, pois futebol se faz de resultados e não
de discursos... Deixem os discursos para políticos, jogador de futebol joga
bola e é isso que precisamos no campo de futebol apenas jogue futebol para
ganhar e nada mais.
Não podemos mais em outras copas
nos sentir tão humilhados pelos outros justamente no que sabemos que somos
maiores e melhores... Se forem para ir para outras copas que possamos ir com
juventude, experiência e beleza... Não importa se vamos com um time nacional ou
não, o importante é irmos com nossa cara, para mostrar beleza, dribles, arte.
Denis Ferraz